Eu nasci na cidade de Fernandópolis, no estado de São Paulo e toco sanfona desde os 6 anos de idade. Sempre influenciado por meu pai, um pernambucano chamado Luiz, sanfoneiro e cantador, que por ser filho de uma mulher chamada Ana sempre que se apresentava nas festas do sertão as pessoas diziam que quem iria tocar era "Luiz de Ana". Por isso, quando veio tentar a sorte em São Paulo, ele adotou como nome artístico: "Luiz Diana". E sempre se apresentava a caráter trazendo no peito a sanfona, na cabeça um chapéu de couro, na cintura uma peixeira e a tiracolo um bornal tal e qual um legitimo cangaceiro.
Aprendi com meu pai a primeira parte do hino nordestino Asa Branca e depois quase que naturalmente fui aprendendo o resto da canção. Junto com as orientações na sanfona meu pai me ensinou algo mais: valorizar Luiz Gonzaga como artista e como ser humano.
De Luiz Gonzaga, eu só conhecia a voz e o som da sanfona através do rádio já que nossa família não possuía televisão, nem discos, nem fotos do artista. Mas o que aliviava um pouco minha curiosidade era o fato de ter crescido ouvindo as pessoas dizerem que meu pai era a cara de Luiz Gonzaga.
Certa vez, sabendo que o Gonzaga ia aparecer na televisão, trazido por Lúcio Mauro num programa chamado "Alô Brasil, Aquele Abraço" da Rede Globo, na maior ansiedade para conhecer o ídolo, "acampei" na casa de uma tia que tinha TV e fiquei ali esperando até tarde da noite o início da apresentação do Rei do Baião. Quando anunciaram, quando Gonzagão apareceu, eu, criança, levei um tremendo choque: por um instante achei que era meu pai quem estava ali. Realmente as pessoas tinham razão: eles eram muito parecidos.
A partir daquele dia, eu juntei os dois num só como estrela guia: meu pai me dava o norte na vida e Gonzaga me dava o norte na arte.
E tem sido assim, até hoje.